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Colonização inglesa na América

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Um assunto que ainda é permeado por algumas curiosidades e imaginações é a colonização dos ingleses no continente americano, sobretudo nos livros escolares. Perguntas como: como eles deram certo e nós não? Lá foram dois tipos de colonização? Os protestantes são mais espertos que o católicos? Essas e muitas outras questões ainda rondam as salas de aula e livros didáticos.  Nosso objetivo hoje é abordar alguns temas e elucidas certas questões, como foi pedido pelo Gabriel Hildebrand.

A primeira questão a ser abordada é sobre a narrativa sobre a América. Enquanto os ibéricos católicos entendiam o Novo Mundo como um paraíso na Terra, um novo Éden, os protestantes anglo-saxões construíram uma narrativa como a Nova Canaã, ou seja, uma Terra Prometida por Deus e que os ingleses seriam o novo povo escolhido por Javé. O início da colonização foi brutal para todos, embora tenha sido muito pior para os ingleses que fracassaram no século XVI (já no governo de Elizabeth I) e teve suas iniciativas frustradas devido ao frio, ataque de índios e morte por fome. Enquanto o Brasil se firmava como colônia portuguesa com as capitanias hereditárias e o governo-geral, enquanto a exploração de ouro crescia no lado espanhol, minguava a tentativa inglesa, que só veio a ter um sucesso inicial a partir de 1624 com a chegada dos chamados peregrinos. Esses peregrinos criaram um mito que se baseou na história de Moisés e a fuga do Egito e a peregrinação pelo deserto, que seria seu paralelo a travessia do Atlântico.

Embora sejam cristãos, as colonizações ibéricas e inglesas se diferenciavam enquanto suas filosofias. Os católicos, herdeiros de uma tradição medieval condenavam o lucro, pois era usura. Por isso, o católico deveria se preocupar com o corpo e a alma para ser digno da salvação e não em enriquecer, pois isso iria corroer a alma. Esse pensamento ainda permeava as mentalidades da Idade Moderna. Já os protestantes, fruto dos embates de Lutero e Calvino, acreditavam na predestinação. Os puritanos ingleses com sua base calvinista, acreditavam no trabalho e na poupança e, quanto mais trabalhasse e poupasse, mais poderia ver a Graça de Deus na sua vida como fruto da predestinação. Aqui cabem dois pontos para analisarmos. A primeira é que no protestantismo não há uma sede religiosa que determina os ditames dos fiéis, como o catolicismo possui i vaticano. Essa situação abre espaço para um evangelho mais livre e pulverizado e menos controlado. Entretanto, entra a segunda questão: mesmo sendo um evangelho sem amarra de um “poder central”, os protestantes não eram mais piedosos que os católicos. Enquanto povo eleito, os colonos ingleses se negavam a ter índios inclusos em suas sociedades, além disso, eram extremamentes cruéis com outras denominações de cristãos e acusavam de heresias, cumprindo o exemplo da Santa Inquisição.

Assim como não havia uma instituição religiosa central, no caso inglês também careceu uma colonização estatal firme. No início, tanto ibéricos como ingleses abriram para particulares a possibilidade de iniciar seus empreendimentos no além-mar e assim receber seus dividendos por isso. Fato esse que um colono inglês se assemelhava a um adelantado espanhol ou um capitão donatário português. Também se faz necessário acabar com o mito que os degredados de Portugal colonizaram o Brasil e as melhores pessoas da Inglaterra foram para o Norte do continente. Portugal passava por uma crise demográfica e a necessidade de enviar prostitutas, presidiários,  mouros e judeus pra dar início à colonização. O caso inglês não é diferente. Para lá também se dirigiu o estorvo daquela sociedade, e não a nata como se acredita. O governo inglês passou a enviar perseguidos religiosos (os putitanos) por também serem opositores políticos, raptavam crianças e enviavam como servos para a América, leiloavam mulheres para poder haver casamentos e crescimento demográfico na colônia, também havia a servidão temporária – as pessoas não tinham nem dinheiro para pagar a travessia e se oferecia como servo temporário (7 anos) para pagar a dívida. Isso ocorreu devido ao crescimento demográfico experimentado pela Inglaterra que foi seguida pela política de cercamento dos campos, abrindo espaço para uma massa de ex-camponeses irem morar nos centros urbanos em estado de miserabilidade. Dessa forma a Coroa resolve dois problemas: se livrara de uma massa de contingente que atrapalhava o desenvolvimento político-econômico e mandava para a colônia uma grande massa de pessoas.

Sendo assim, podemos entender que foram dois tipos de colonização? Não! É equivocado pensar que lá ocorreram dois tipos de colonização. Tanto o propósito do governo inglês como dos colonos era a exploração. O projeto da Coroa era mercantilista, porém foi efetuado sem a força ibérica. Tanto que o processo de emancipação dos colonos ingleses foi bem mais rápido e pioneiro. Os colonos das 13 Colônias e sua descendência tinham uma questão em mente: prosperar! A intenção desde o início, mesmo fugindo de problemas em sua terra natal, era enriquecer, e isso só poderia ser possível mediante ao processo exploratório. O fato de o norte não ter tido uma dinâmica de exploração tropical, como no sul e no caso ibérico, não significa que não havia exploração. Tanto é que desde o início ocorreu tomadas de terras indígenas, genocídio e plantações. O que é colonizar? Colonizar é explorar a terra. É plantar. É só lembrar como nasce a tradição do Dia de Ações de Graças, os colonos levaram o milho que foi plantado e colhido, mas não levaram o trigo devido não ter dado certo e receberam uma ave local e comeram junto com abóbora.

Aqui tentamos expor as questões mais pertinentes da colonização e só dela. Mais para frente poderemos pensar juntos em uma continuidade sobre a história dos norte-americanos.

 

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