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Buffoniando

TELETRANSPORTE

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Prezados leitores, o texto de hoje é uma imensa contribuição do meu amigo e muito competente, professor Ramaton.

Uma não tão recente maravilha

 

Conta-se que há cerca de 140 anos, na Índia, um curioso aparato fora capaz de reduzir um homem a átomos infinitesimais e transmiti-lo entre os extremos de um cabo telégrafo, por fim revertendo-o ao seu estado original![1] Possivelmente inspirado pelo conto de ficção The Man Without a Body, publicado em 1877, o fantasioso relato cunhou o termo teleporte, cuja essência seria explorada, sob formas alternativas, nos quadrinhos e nas telinhas.

Como superpoder, a habilidade de prontamente se deslocarem de um ponto a outro do espaço, própria a dados personagens, figura como um componente secundário frente às suas posições morais e à trama das estórias. Foi como realização tecnológica, por meio da série Jornada nas Estrelas, que o teleporte se estendeu ao alcance de todos. As possibilidades retratadas nesta saga futurista seriam, tamanho seu impacto cultural, investigadas pela ciência.

O teleporte é realidade, mas não como transporte de matéria ou energia… Segundo a maneira como a Natureza nos permite explorá-la, o teleporte combina elementos clássicos e quânticos para transmitir informação, sendo uma forma de comunicação (exata) entre sistemas físicos[2].

O conhecimento físico e a quantidade de energia necessários ao dispositivo inicialmente mencionado estão, de fato, além de nossas capacidades. Igualmente inviáveis, as ações a bordo da USS Enterprise envolvem aniquilação e criação não-locais de matéria, violando um dos pilares da Física. Ainda, o invento de Tesla no filme O Grande Truque esbarra no Princípio da Incerteza, para o qual a mente, tomada por um sistema quântico, não é totalmente mensurável a ponto de ser copiada.

Em termos experimentais, há um bom caminho a trilhar. Os meios disponíveis apenas permitem o teleporte entre dois átomos, previamente preparados. Em todo caso, o processo é limitado pela velocidade da luz no vácuo e destrói inevitavelmente o estado original. Não tão atraente quanto nas obras, nem tão prático na realidade[3].

Mas não por isso menos significativo, pois assim o são a maioria dos avanços: quem desconfiaria que o galvanismo e seus fenômenos de outrora, hoje Eletricidade, seriam indissociáveis da nossa era? Quando garotos, meu irmão e eu nos lançávamos a reflexões proporcionadas por nosso pai, quase sempre sobre ciência (a qual nos entregamos por formação!) e seus horizontes… E penso, não seria toda a criação maior do que a imaginação?

 

Professor de Física

 

@professor.ramaton

 

[1] vale a pena conferir a notícia, sob o título “The Latest Wonder”, disponível em https://trove.nla.gov.au/newspaper/article/65763678

[2] o trabalho pioneiro de 1993 está disponível em https://journals.aps.org/prl/pdf/10.1103/PhysRevLett.70.1895

[3] calcula-se que o tempo necessário para transmitir toda informação de um cérebro humano, com os meios vigentes, supera a própria idade do universo https://journals.le.ac.uk/ojs1/index.php/pst/article/view/2089

 

 

 

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