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Covid-19 faz casos de depressão crescerem 90% além de aumentar estresse e ansiedade no Brasil
Um estudo da UERJ ajudou a diagnosticar o avanço de problemas de saúde.
A pandemia de Covid-19 e o isolamento social forçado parecem estar trazendo problemas de ordem mental também. É o que mostra um estudo da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). O estudo que foi publicado pela The Lancet, uma das mais tradicionais e prestigiadas revistas científicas sobre medicina do mundo, tras um levantamento mostrando que os casos de estresse e ansiedade mais do que dobraram, enquanto os casos de depressão aumentaram em 90%.
De acordo com a pesquisa da UERJ, pelo fato de estarem sendo mais sobrecarregadas acumulando tarefas domésticas e cuidados com os filhos, além da alimentação desregrada, doenças preexistentes e a necessidade de sair de casa para trabalhar, as mulheres que continuam a trabalhar são as mais propensas a sofrer com ansiedade e depressão durante a pandemia, já que se sentem cada vez mais sobrecarregadas com tantas tarefas.
“Fatores sociais também aumentam os níveis de adoecimento mental”, explica Alberto Filgueiras, do Instituto de Psicologia da Uerj e coordenador do trabalho.
O especialista diz que trabalhadores que precisam sair de casa durante a quarentena, entregadores, pessoas que trabalham no transporte público ou em supermercados, bem como profissionais de saúde, todos apresentam indicadores mais elevados quando comparados aos que estão em casa. Segundo ele, essas pessoas “se veem mais vulneráveis à contaminação e, por isso, mais ansiosos e estressados.”
No caso da depressão, as principais causas são o baixo nível de escolaridade, a idade avançada e o medo de passar a infecção para pessoas mais vulneráveis. “A presença de um idoso em casa, que são as pessoas mais vulneráveis e que têm maior porcentual de letalidade, gera um nível de estresse aumentado, pelo temor de passar o vírus”, exemplificou.
Foram 1.460 pessoas de 23 Estados que responderam a um questionário online com mais de duzentas perguntas, entre 20 de março e 20 de abril. No trabalho que é coordenado por Filgueiras com Matthew Stults-Kolehmainen, do Hospital Yale New Haven, nos EUA, os resultados sugerem um agravamento preocupante da situação desde o início de toda esse transtorno causado pela Covid-19.
O porcentual de pessoas que relataram sintomas de estresse agudo na primeira etapa da coleta de dados (entre 20 e 25 de março) foi de 6,9% para 9,7% na segunda rodada (de 15 a 20 de abril). Entre os casos de depressão, o salto foi de 4,2% para 8%. A crise aguda de ansiedade pulou de 8,7% para 14,9%.
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