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Revolução Constitucionalista de 1932

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O dia 09 de julho pode parecer um dia sem importância nacional. Pode parecer apenas um feriado regional pertencente ao estado de São Paulo. Mas,  o 09 de julho de 1932, marcou uma importante disputa política, que ficou conhecida como Revolução Constitucionalista. Ou se preferirem, Guerra Paulista. Qual foi a razão de São Paulo pegar em armas? Vamos tentar elucidar de forma clara e objetiva nos parágrafos a seguir.

O ano de 1930 marcou uma importante virada na história política do Brasil. Desde o fim do governo de Floriano Peixoto (República da Espada) em 1898, tivemos o início da hegemonia política de São Paulo e Minas Gerais no Brasil até 1930. Esse período ficou conhecido popularmente como Café-com-leite, devido a alternância no poder federal de políticos que representavam os interesses desses dois estados. Minas Gerais e São Paulo eram respectivamente, os maiores colégios eleitorais do Brasil e os dois estados mais ricos devido ao cultivo do café, pecuária e no caso paulista, uma incipiente indústria que começava a se afirmar. Dessa forma, o Brasil estabeleceu políticas de valorização de café sucessivas, para proteger os interesses dos latifundiários do café (uma oligarquia). As eleições eram realizadas sob as bençãos e ações dos coronéis.

Toda essa estrutura citada anteriormente começou a demonstrar sinais de crise na década de 1920 mediante ao inconformismo manifestado na Semana de Arte Moderna e com os Tenestismos. A Crise de 1929 acendeu um estado de alerta na oligarquia cafeeira e o presidente do seu tempo, Washington Luis, não queria seguir a política de valorização de café. Além disso, lançou a candidatura de Júlio Prestes pelo Partido Republicano Paulista (PRP), ferindo a intenção do Partido Republicano Mineiro (PRM) de lançar seu candidato com o apoio paulista. Estava desfeita a aliança entre os dois estados mais fortes politicamente do Brasil. Diante disso, PRM buscou aliança no Rio Grande do Sul e montou uma chapa para concorrer as eleições lançando Vargas para presidente e João Pessoa, paraibano, como vice e com apoio de outras dissidências como o Partido Democrático (PD – uma cisão paulista), a classe média urbana, trabalhadores urbanos e militares (como os Tenentistas). A eleição veio e Júlio Prestes venceu a eleição. Entretanto, dias depois das eleições e ainda inconformados com a derrota, a Aliança Liberal (grupo  que compôs forças com Vargas descrito acima) queria pegar em armas, mas o que aconteceu no Nordeste impulsionou essa vontade: o assassinato de João Pessoa. O que se tornou tão logo um crime político. Foi o início da Revolução de 1930.

A Revolução de 1930 marcou a ascensão de Vargas ao poder após uma junta militar ter deposto Washington Luis. Júlio Prestes nem teve tempo de ser empossado no cargo presidencial. O poder foi passado para Vargas e chegava ao fim a hegemonia paulista na política Brasileira. Vargas estabeleceu um governo centralizador e deixou de lado a Constituição de 1891. Governava por decretos de acordo com seus mandos e desmandos. Como os objetivos do PD não foram contemplados, logo se aliou ao PRP contra Vargas. O presidente colocou em andamento uma política chamada de interventores. Com isso, ele substituiu os governadores opositores por interventores militares ligados ao atual governo. São Paulo não concordava com a nomeação de um interventor militar, desejava um civil  e também exigia uma Constituição, já que o novo governo não respeitava a de 1891 e nem foi eleito de acordo com a Carta Magna. O que na verdade São Paulo desejava era recuperar sua hegemonia e isso era um artifício.

O governo varguista tentou de todas as formas sanar o problema atendendo as reivindicações paulistas. Até a questão da nova Constituição, previa seus trâmites para 1933. As pressões paulistas cresciam e o assassinato de quatro estudantes passaram a ser o estandarte de luta dos paulistas, o MMDC (  Miragaia, Martins, Dráusio e Camargo).  No dia 09 de julho de 1932 os paulistas pegaram em armas e lutaram contra o governo Vargas contando com o apoio de Minas Gerais e Rio Grande do Sul, que na hora do conflito, ficaram ao lado de Vargas. Somente Mato Grosso saiu em ajuda aos paulistas. São Paulo lutou de julho até novembro do mesmo ano. Uma questão importante de lembrar foi o esforço de guerra que eles perpetraram. A elite paulista doou jóias e objetos de valor para arrecadar fundos, com o objetivo de possibilitar aos dissidentes armamentos e suprimentos para a guerra, as indústrias mudaram seus focos para colaborar para a vitória na guerra e os cidadãos atenderam a chamada para o alistamento. A elite paulista criou uma campanha: Ouro para o bem de São Paulo.

De modo geral, podemos ver essa guerra por dois prismas: o primeiro, o desejo de voltar a ter a hegemonia política (já que a econômica nunca foi perdida) e derrubar Vargas não surtiu efeito; agora, a intenção de ter uma nova Constituição, essa foi vitoriosa, ainda que nas eleições, Vargas tenha sido eleito indiretamente para presidente… para desespero de São Paulo.

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