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Buffoniando

Antônio Conselheiro

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Foto: Reprodução/Google

Antônio Vicente Mendes Maciel, conhecido nacionalmente pela alcunha de Antônio Conselheiro. Cearense, nasceu em Quixeramobim (Ceará) no dia 13 de março de 1830, nos idos tempos finais do governo de Do Pedro I. Seu falecimento ocorreu aos 22 dias de setembro do ano de 1897, no Arraial de Canudos (Bahia), nos tempos da iniciante República brasileira.

Antes de se tornar muito conhecido por seu papel religioso, o então Antônio Maciel foi caxeiro viajante – uma espécie de comerciante itinerante – e herdou um armazém do seu falecido pai. Além dessa atividade, também foi professor de religião numa fazenda e também atuou em um cartório. Sua história como o Conselheiro teve um start quando sua esposa, mais nova que ele, o abandonou-o e a partir daí decidiu seguir a vida religiosa. Sua vida errante e sempre aconselhando seus ouvintes, possibilitou que o termo conselheiro fosse anexado ao seu nome e sua fama começou a se espalhar.

A fama não era só de conselheiro ou “evangelista”, mas também passou a ser de milagreiro. Entre seus suas ações pelo interior ele restaurava cemitérios, igrejas e cavava poços para obtenção de água.” O prestígio e o renome de Antônio Maciel, o já Conselheiro, começou a agregar multidões em torno de si. Com uma fala bem encaixada e com certo conhecimento religioso, não foi fácil começar a ter fiéis que o seguiam de fato por suas peregrinações. A crença popular era que Conselheiro era de fato um profeta da parte de Deus.

O “Arraial de Bom Jesus” foi fundado em 1874 com o estabelecimento de Conselheiro e seus seguidores no interior da Bahia. A presença e a prática de Conselheiro incomodava o clero regular, pois ele não fazia parte dos cargos eclesiásticos. O incomodo dava-se por conta de atrair multidões, o que possibilitava a queda de fiéis para a Igreja e com isso, queda na acumulação de dízimos. Conselheiro era um beato, ou seja, um pregador por conta própria, mas ainda assim, um indesejado.  O incomodo foi tanto que o presidente da província ( o que hoje temos como governado do estado) tentou internar Conselheiro no Rio de Janeiro em um manicômio, mas não conseguiu.  A tensão aumentou quando o presidente da república permitiu a cobrança de impostos no interior. Conselheiro foi contra e incentivou ao seus seguidores a não cumprirem.  Além disso, Conselheiro era considerado inimigo da República e a justificativa era que ele defendia a monarquia, por viver pregando sobre o reino. Mas dá para perceber qual era o reino, não é? Canudos não era uma comunidade baseada no autoritarismo. Pelo contrário, a vida comunitária e livre das  violências sofridas, possibilitaram que uma margem migracional fosse crescente. A vida em comunidade era baseada na questão de que os agricultores promovessem plantios e colheitas para a comunidade, que os pedreiros ajudassem a construir casas para todos, que quem costurava roupa pudesse fazer para a comunidade, etc.  Ou seja, cooperação mútua.

A perseguição ao Conselheiro e seus seguidores passaram a crescer mais ainda com o estabelecimento da comunidade às margens do rio Vaza-Barris, região conhecida como Canudos.  Embora todos conheçamos como Arraial de Canudos, o nome real da comunidade é Belo Monte.  O incomodo de Canudos também envolvia os coronéis. Neste contexto, coronel não é patente militar, mas sim o poder municipal, que geralmente era um fazendeiro. A migração para Canudos, retirava dois bens importantes para os coronéis: a mão-de-obra e o voto para ser cabrestado. Situação que atingia diretamente o poder dos coronéis. Por essa e outras razões, já citadas, quatro expedições com o intuito de destruir Canudos foram enviadas a partir de 1896. A primeira foi de ordem local e sem sucesso, assim como a segunda e a terceira expedição,  que esta última proporcionou  a derrota e a morte o famoso “Treme-terra”, o Coronel Moreira Cesar, e impôs uma vergonha para o Exército brasileiro que perdeu para camponeses, o que colaborou para prejudicar a imagem do presidente Floriano Peixoto, que era militar, e dar fim ao período da República da Espada. A quarta expedição foi a mais feroz de todas e contou com 4 mil soldados e um armamento digno de grandes guerras e o saldo não poderia ser outro: milhares de mortos e a derrota de Canudos em 1897. O Arraial foi destruído por causa dos tiros e pelos incêndios propositais. Conselheiro teve seu fim e foi decaptado. Era o fim de Belo Monte. Porém, a imagem e o mito em cima de Canudos persistem, além do problema da favelização no Brasil. As promessas de soldos para os soldados que foram para Canudos e não foram pagos, fizeram com que os soldados, homens pobres, fossem se instalar nas encostas dos morros cariocas (Rio de Janeiro era capital) e assim surgiu o Morro da Providência. Mas este papo ficará para outra hora.

 

 

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