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Bizarrices

Batatas ao murro, punheta de bacalhau e acepipes são “cancelados” pelo iFood

Segundo chef de restaurante, “murro” é uma palavra de agressão, considerada um item que vai contra os termos de uso do iFood. E pelas novas regras, estava bloqueado este nome.

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Cada dia que passa as pessoas ficam mais assustadas com os níveis mais profundos de absurdos fenômenos que a cultura do cancelamento pode chegar. Sabe aquele meme dizendo que daqui há algum tempo o bolo nega maluca vai ser proibido? Qualquer pessoa normal espera que isso continue sendo um meme, ou uma teoria da conspiração acreditar nisso, embora a realidade esteja flertando com esse tipo de coisa.

O caso mais recente de um absurdo foi noticiado em uma reportagem do jornal O Globo, por conta de um restaurante no Rio de Janeiro, que após quatro anos usando o iFood, se deparou com uma situação inusitada neste fim de semana.

Batatas ao murro: um prato tipicamente português em que elas são levemente amassadas.

O restaurante de gastronomia lusitana Gruta de Santo Antônio, em Niterói, decidiu atualizar o cardápio no aplicativo, mas percebeu que o conhecido acompanhamento da cozinha portuguesa “batata ao murro” estava bloqueado.

O motivo, segundo a empresa explicou ao chef Alexandre Henriques é que “murro” é uma palavra de agressão, considerada um item que vai contra os termos de uso do iFood. E pelas novas regras, este nome estava bloqueado.

“Batata ao murro” é um prato popular tradicional da culinária portuguesa. Desde 1977, o prato está no cardápio do restaurante acompanhando dois carros-chefes do estabelecimento: o bacalhau à lagareiro e o polvo à lagareiro.

Henriques diz que a surpresa de tirar um nome tradicional foi tanta quanto a falha de comunicação da empresa de delivery. Segundo o chef, o aplicativo não fez absolutamente nenhum aviso sobre a mudança, somente bloqueou. E ele já ouviu colegas de outros restaurantes com queixa parecida.

‘Imagina se tivesse puttanesca?”

O chef questionou, disse que o aplicativo não avisou, e informou que tinham mudado a política de uso, sem qualquer tipo de conversa. Henriques disse ainda que teve prejuízo, já que os clientes acharam que o prato tinha saído.

O chef argumenta que “é um prato que está há mais de 100 anos no Brasil, desde a época do Império. Se eu colocar batatas amassadas descaracteriza o prato, fica feio. Imagina se tivesse puttanesca no prato?”, se referindo ao tradicional molho italiano “ala puttanesca”, feito a base de tomates, alcaparras e azeitonas, cujo prefixo pode se aproximar de um xingamento.

Segundo o chef, depois de relatar o que aconteceu, nas redes sociais, até mesmo pra avisar seus clientes que queriam, o caso viralizou e outros donos de restaurantes relataram o mesmo problema.

“Teve um que disse que pediram para mudar ‘punheta de bacalhau’. É também um prato típico português. Como vai definir? Dizer que um bacalhau cru desfiado à mão com temperos não é punheta?”, disse Henriques.

Acepipes também banidos

O cardápio do restaurante vegetariano Brota, da chef Roberta Ciasca, também não passou no crivo de nomes politicamente corretos do iFood.

Além de ter que trocar o nome “batatas ao murro” por “batatinhas”, ela teve que substituir também a palavra “acepipe” por aperitivos na categoria do menu.

Prato tradicional da culinária portuguesa: “batatas ao murro”.

Nesse caso, o iFood não deu explicação, mas ela acredita talvez tenham dado uma conotação fálica ao “pipe” da comida.

Acepipes são entradinhas, como cogumelos marinados, ceviche e burrata. O problema, diz ela, é que esta é uma das especialidades do restaurante que, inclusive, tem uma vitrine só para estes itens.

“A categoria é o que chama a atenção, o que define nosso cardápio. Tivemos o nome de um vinho também bloqueado. Pediram para mudar, mas o atendimento do iFood não explica o porquê. Acho que é um filtro automático que filtra as palavras sem critério. São nomes da culinária. Não faz sentido” avalia a chef do restaurante recém-aberto em Botafogo.

Embora tenham mudado os nomes até mesmo por conta da dependência atual do delivery, devido a pandemia, os dois chefs se queixam de que gostariam de terem sido avisados pela plataforma antes. Os chefs dizem também que acham que deveria haver um critério diferente para filtrar palavras que são comuns na culinária.

Procurado, o iFood disse estar apurando o caso internamente.

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