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Ele se chama Chico, jogou no Ceará, mas cresceu no Paraguai e é sul-coreano

Meia sul-coreano Chico, que foi contratado pelo Ceará no começo da atual temporada, atualmente joga no E. C. Juventude.

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Aquele que viu o meia Chico, que hoje joga pelo Juventude, começar a temporada de 2019 pelo Ceará de uma forma tão decisiva nem pensava o tamanho da colcha cultural que constitui a vida do jogador. Sua história ficou famosa pelo fato de, embora ter uma aparência asiática, incomum para o futebol brasileiro, ele tem uma história de aventura que inclui fuga da Ásia, infância num país pequeno da América do Sul, bem como uma aposta de risco no futebol, uma carreira em que poucos chegam à elite.

Meia sul-coreano Francisco Hyun Sol Kim, naturalizado brasileiro, foi contratado pelo Ceará no começo da temporada 2019.

Chico, que em 27 anos e pais sul-coreanos se chama Francisco Hyun-sol Kim. Seus pais decidiram viver no Paraguai no fim da década de 1980, antes de a Coreia do Sul virar um Tigre Asiático com economia forte. Os dois deixaram um país pobre para buscar uma condição melhor de vida. Tiveram o último filho, Chico, no caso, em Cascavel, no Paraná. Os dois mais velhos nasceram em Assunção.

Jogador Chico que atua como meia, foi especulado no Vasco.

O jogador é brasileiro por acaso, já que devido à escolha dos pais por uma parteira sul-coreana que vivia no Paraná, Chico cresceu em Ciudad del Este. Lá, viu nascer a paixão pelo futebol, alimentada por jogos entre imigrantes na várzea, com o pai no papel de jogador.

Tal cenário, anos depois, tornou-se responsável por uma tentativa audaz: em 2008, a família de raízes sul-coreanas deixou o Paraguai para que os dois filhos fizessem um teste no Atlético Sorocaba, cujo dono era Sun Myung Moon, o Reverendo Moon, líder religioso sul-coreano.

Meia Chico quando jogava no Ceará, mas que agora, na data da publicação desta matéria, joga no Juventude.

A viagem de ônibus durou 22 horas e foi definitiva. Enquanto Chico e o irmão ficaram em Sorocaba por uma semana para a peneira, os pais do jogador se instalaram no bairro do Bom Retiro, em São Paulo. Como acontecera no Paraguai, ambos passaram a trabalhar em uma loja de roupas.

Uma viagem, dois destinos

A vinda ao Brasil mudou a vida da família. Isso porque na época, sua irmã estudava na Coreia do Sul, e Chico que conseguiu uma vaga na base do Atlético Sorocaba, viu o irmão três anos mais velho ser rejeitado por causa da documentação.

“Ele jogava muito bem também, mas o que fez ele não passar no teste foi a documentação. Para mim, foi mais fácil porque eu tenho nacionalidade brasileira. A gente precisava de dinheiro para arrumar a documentação e não tinha como”, diz.

Apesar de ter tido sucesso na busca por um espaço no time, Chico, que viu o irmão se mudar para São Paulo, teve de superar uma barreira que muitas vezes é invisível, mas bastante sentida por descendentes de asiáticos: o preconceito velado.

Interior paulista se transformou em casa

Estreante no time profissional do Atlético Sorocaba em 2010, aos 19 anos, Chico defendeu outros nove times em cinco temporadas. Sendo que cinco desses times foram no interior de São Paulo: XV de Piracicaba, Capivariano, Olímpia e Bragantino, que lhe abriu portas para a realização de um sonho. Após ter se destacado no Campeonato Paulista de 2016, ele foi contratado pelo Seoul E-Land, da Coreia do Sul.

Irmãos de Chico posando ao seu lado no começo de 2015, ano em que o meia defendia o XV de Piracicaba.

A passagem, no entanto, foi breve: somente quatro meses. Contudo, foi o suficiente pra que Chico conseguisse a experiência de vivenciar costumes tão próximos a sua família. Durante a vida toda, mesmo longe da Coreia do Sul, a família manteve hábitos do país.

“A gente vivia como nativos no Paraguai, mas dentro de casa era como se fosse a Coreia do Sul. Até hoje falamos coreano entre nós. Achamos importante. Tiramos o sapato para entrar em casa, a alimentação também é de lá, comemos com hashi”, disse.

Em 2018, depois de uma temporada no CRB, Chico voltou a ser contratado por uma equipe sul-coreana. Por um ano, ele defendeu o Pohang Steelers e, de quebra, ganhou a companhia dos pais por seis meses, situação que não aconteceu na primeira passagem.

Guinada na carreira e rumo ao Juventude

Chico em pouco tempo viu sua carreira despontar e agora está alçando voos maiores. Isso porque no último mês, o meia que defendeu o Atlético Goianense no último brasileirão, agora fechou com o gaúcho E.C. Juventude.

O jogador agora tem a chance de mostrar toda sua força e talento para o Brasil e o mundo. Isso porque o atleta chegou para reforçar o elenco do Juventude, que em 2021,  disputará a Série A do campeonato brasileiro. No gaúcho, a equipe se encontra atualmente na quinta colocação, com 13 pontos, e vem de uma eliminação na Copa do Brasil, após derrota para o Vila Nova, nos pênaltis.

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