A Universidade de Liège, uma das instituições de ensino mais prestigiadas da Bélgica, gerou uma grande controvérsia ao lançar um curso obrigatório sobre ecologia e sustentabilidade para todos os seus alunos. O curso, denominado “Sustentabilidade e Transição”, tem como objetivo sensibilizar os futuros graduados sobre os desafios ambientais e sociais contemporâneos. Porém, o conteúdo inicial da descrição do curso gerou críticas intensas, especialmente por uma passagem que associa a degradação ambiental à figura do “homem branco, cristão e heterossexual”.
Na versão original do texto, disponível no site da universidade, a descrição afirmava que a responsabilidade pela destruição do meio ambiente estava atrelada à ação de uma única categoria de pessoas: “seria a ação de uma espécie que poderia fazer as pessoas acreditarem que a origem da mudança é a humanidade quando se trata do homem ‘ocidental’ branco, cristão e heterossexual”.
A passagem sugeria que as desigualdades históricas e sociais, ligadas a uma identidade masculina e europeia específica, seriam fundamentais para compreender a origem das crises ambientais.
O curso, que visa alertar para a deterioração das condições habitáveis da Terra e os impactos da ação humana no planeta, tem como premissa o consenso científico sobre a emergência de uma crise ambiental global. Porém, a maneira como a responsabilidade foi atribuída ao “homem ocidental” gerou um intenso debate público. Críticos apontaram que a formulação poderia ser considerada reducionista e divisiva, ao enfatizar uma única identidade enquanto causadora dos problemas ambientais.
Em meio à repercussão, a Universidade de Liège decidiu modificar a descrição do curso, retirando as referências ao "homem branco, cristão e heterossexual". Contudo, o curso permanece como parte do currículo obrigatório para todos os alunos da instituição. A reestruturação do texto visou amenizar as tensões, sem alterar a proposta central do curso, que continua a ser uma reflexão sobre a sustentabilidade e a transição para um modelo mais equilibrado e consciente de convivência com o meio ambiente.
A polêmica gerada com a abordagem inicial levanta questões sobre a maneira como as universidades podem abordar temas sensíveis, como a sustentabilidade, sem polarizar ou simplificar demais questões complexas.