Albert Einstein visitou Brasil a contragosto e chamou cientista de ‘macaco’, mostram diários

Ler os escritos particulares de Albert Einstein pode ser um tanto desconfortável, especialmente quando descobrimos que ela não queria bem que nós brasileiros fôssemos seus leitores. Esta é uma das razões pelas quais historiadores debatem intensamente o valor de expor esse tipo de material. Contudo, segundo Rosenkranz, do ponto de vista intelectual, seria impossível ignorar os diários do renomado cientista.

Esse fato ganhou repercussão por meio de uma matéria do jornal Folha de São Paulo publicada neste sábado (25). Os pensamentos expressados pelo cientista são fortes, porém, conforme alerta o jornal, é importante não se concentrar apenas no que foi dito nos escritos de Einstein, até porque isso simplifica de maneira inadequada sua complexa biografia.

Vale lembrar que na Alemanha, ele foi vítima de preconceito por ser judeu, o que o levou a se mudar para os Estados Unidos em 1933. Uma vez nos EUA, Einstein se envolveu ativamente no movimento antirracista, participando de movimentos em prol dos direitos civis, incluindo a NAACP (Associação Nacional para o Progresso de Pessoas de Cor, na sigla em inglês). Ele se posicionou fortemente contra a segregação racial que existia no país na época.

Além disso, os diários revelam o apoio de Einstein ao sionismo, especialmente antes da criação do Estado de Israel em 1948. Esse aspecto de sua identidade também influenciou a recepção que ele teve na América Latina. Na região, a comunidade judaica o recebeu calorosamente, enquanto os alemães, particularmente na Argentina, foram mais frios devido ao crescente antissemitismo que culminaria no Holocausto.

Einstein se via mais como judeu do que como alemão, conta Rosenkranz. E, pasmem, a ciência não era o foco principal nos diários dele. Os estudiosos achavam que a viagem de Einstein à América Latina em 1925 tinha como meta principal divulgar a teoria da relatividade e fazer contatos com outros cientistas. Mas, pelo visto, ele quase não escreveu sobre isso. Naquele tempo, só a Argentina tinha uma comunidade de físicos bem estabelecida.

No Brasil, por exemplo, Einstein sentia a falta de gente com quem conversar sobre suas ideias, apesar de existirem defensores da relatividade como o matemático Manuel Amoroso Costa. Muitos brasileiros, principalmente os seguidores do positivismo, não estavam nem aí para a teoria dele.

O último dia de compromissos de Einstein no Rio de Janeiro foi em 11 de maio de 1925, quando ele assistiu a um filme sobre o marechal Cândido Rondon, a quem posteriormente indicaria ao Nobel da Paz. À noite, jantou com o embaixador alemão e, ao final da refeição, escreveu algo que talvez resuma sua jornada: “finalmente livre”.

Esses diários oferecem uma visão multifacetada de Einstein, não apenas como um cientista, mas como um indivíduo profundamente influenciado pelos contextos culturais e sociais de sua época. 

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