Manter amizade com ex pode revelar traços de psicopatia e manipulação, aponta estudo

Continuar amigo de um ex-parceiro costuma ser visto como um sinal de maturidade emocional, equilíbrio e superação. No entanto, uma pesquisa científica sugere que essa escolha nem sempre tem motivações tão nobres quanto parece. Um estudo publicado na revista científica Personality and Individual Differences indica que, em determinados casos, manter proximidade com um ex pode estar associado a traços de personalidade considerados sombrios, como manipulação, egoísmo e baixa empatia.

A pesquisa analisou homens e mulheres que optaram por manter contato ou amizade após o fim de um relacionamento amoroso. O objetivo dos pesquisadores era entender por que algumas pessoas permanecem próximas de ex-parceiros, enquanto outras preferem o afastamento completo — e quais características de personalidade influenciam essa decisão.

Motivações por trás da amizade pós-término

Os resultados mostraram que as motivações para manter amizade com um ex variam bastante. Em muitos casos, os participantes relataram razões positivas, como carinho genuíno, confiança, empatia e respeito construídos ao longo do relacionamento. Nessas situações, a amizade tende a ser vista como saudável e emocionalmente estável.

Por outro lado, o estudo identificou um grupo específico de participantes que mantinha contato com ex-parceiros por razões instrumentais, ou seja, por interesse. Entre os motivos citados estavam acesso a dinheiro, benefícios materiais, sexo, informações pessoais ou influência emocional. Esses indivíduos apresentaram, com mais frequência, traços associados à chamada “tríade sombria” da personalidade, especialmente características ligadas à psicopatia e ao comportamento manipulador.

Traços de psicopatia não significam diagnóstico

É importante destacar que os pesquisadores não classificaram ninguém como psicopata clínico. O estudo trabalha com traços de personalidade, que existem em diferentes níveis na população em geral. Entre eles estão a baixa empatia, o uso do charme de forma estratégica, a tendência à manipulação e a dificuldade em estabelecer vínculos genuinamente altruístas.

Segundo os autores, pessoas com esses traços tendem a enxergar relações (inclusive as passadas) de forma mais utilitária, avaliando o que ainda pode ser obtido daquele vínculo. Nesses casos, a amizade com o ex não é necessariamente baseada em afeto, mas em cálculo e conveniência.

Quando a amizade é saudável e quando não é

Os especialistas reforçam que manter amizade com um ex não é, por si só, algo negativo. O fator central está na motivação e na dinâmica da relação. Amizades baseadas em respeito mútuo, limites claros, empatia e honestidade tendem a ser emocionalmente seguras para ambas as partes.

Já relações sustentadas por manipulação, dependência emocional ou ganhos pessoais podem prolongar conflitos, dificultar novos relacionamentos e gerar desgaste psicológico. Nesses casos, o estudo sugere que a amizade funciona mais como uma extensão disfarçada do vínculo romântico do que como uma relação equilibrada.

O que o estudo revela sobre as emoções humanas

Ao investigar algo tão comum quanto o contato com ex-parceiros, a pesquisa lança luz sobre a complexidade das emoções humanas e das relações interpessoais. Nem sempre comportamentos socialmente valorizados, como “terminar bem”, têm as mesmas origens emocionais para todas as pessoas.

No fim, o estudo reforça uma ideia-chave: não é a decisão de manter amizade com um ex que define se a relação é saudável, mas os motivos que sustentam essa escolha. E compreender essas motivações pode dizer muito mais sobre a personalidade do que o próprio término.

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