Alexandre de Moraes está em apuros. Uma reviravolta no cenário digital pegou os usuários de surpresa nesta quarta-feira: o X, rede social de Elon Musk, voltou a funcionar no Brasil, mesmo após uma ordem judicial que determinava seu bloqueio. Desde o dia 30 de agosto, o acesso à plataforma estava restrito por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Porém, uma mudança nos servidores do X permitiu que os brasileiros conseguissem acessar a rede novamente, contornando a censura.
Tudo começou quando o X decidiu dar um "upgrade" nos seus servidores, adotando um sistema de proteção chamado proxy reverso, gentilmente cedido pela Cloudflare, uma espécie de super-herói das internets. Esse sistema funciona como um "escudo mágico" que esconde o verdadeiro IP da rede social, tipo o manto da invisibilidade, mas versão tecnológica. Em vez de mostrar o IP real do X, ele só exibe o da Cloudflare, o que é ótimo para proteger a plataforma dos vilões cibernéticos, mas deixa os provedores de internet com uma dor de cabeça do tamanho de um download travado.
Segundo Basílio Rodríguez Perez, conselheiro da Associação Brasileira dos Provedores de Internet e Telecomunicações (ABRINT), o novo sistema implantado pelo X torna a tarefa de bloqueio "quase impossível". Isso porque bloquear a Cloudflare afetaria não só o X, mas também outros serviços que utilizam essa tecnologia, como bancos e grandes empresas, além do próprio governo.
Como funciona o "escudo" digital?
A Cloudflare oferece um serviço que distribui o tráfego de sites por diferentes rotas, dificultando a identificação de onde está o servidor original. Esse processo envolve o uso do proxy reverso, que atua como intermediário entre os usuários e o servidor, aumentando a segurança e mascarando o IP real da plataforma. De acordo com Pedro Diógenes, especialista em tecnologia, essa barreira invisível é adotada por empresas no mundo todo para proteger suas infraestruturas, sem prejudicar a experiência dos usuários.
O desafio para os provedores
A Anatel, agência responsável por fiscalizar as telecomunicações no Brasil, depende dos provedores de internet para aplicar o bloqueio ao X. Porém, com essa nova configuração dos servidores da rede social, a tarefa se tornou muito mais complicada. São mais de 11 mil provedores de banda larga no país, e todos enfrentam o mesmo desafio: como bloquear um serviço que agora usa um sistema sofisticado para "esconder" seu IP?
Os provedores estão em contato com a Anatel para entender como proceder diante dessa mudança, mas até o momento, a solução não é simples. Tá todo mundo arrancando os cabelos. Além de impedir o acesso ao X, bloquear a Cloudflare poderia impactar vários outros serviços essenciais, o que cria um dilema técnico e jurídico.
O que vem por aí?
Enquanto o impasse não é resolvido, os usuários brasileiros continuam a acessar o X normalmente, mesmo com a ordem de bloqueio em vigor. Para os especialistas, o caso ilustra como a tecnologia pode ser usada tanto para proteger plataformas quanto para desafiar a censura. Resta saber como o governo e os provedores vão lidar com essa situação e se novas medidas serão tomadas para garantir o cumprimento da ordem do STF.