Coreia do Norte condena adolescentes a 12 anos de trabalho forçado por assistir a K-pop

Imagens de vídeo divulgadas pelo South and North Development (SAND) Institute, uma organização que trabalha com desertores norte-coreanos, mostram autoridades da Coreia do Norte condenando publicamente dois adolescentes de 16 anos a 12 anos de trabalhos forçados por desfrutarem de entretenimento sul-coreano, incluindo K-pop.

O caso foi destaque em uma reportagem da Reuters e divulgada pelo jornal The Guardian nesta sexta-feira (19). De acordo com o jornal, o vídeo gravado pelas próprias autoridades norte-coreanas, revela um grande julgamento público em Pyongyang, onde os jovens de uniforme cinza são algemados diante de cerca de 1.000 estudantes em um anfiteatro. A filmagem, ocorrida durante a pandemia da Covid-19, destaca a severidade das sentenças impostas aos jovens, que foram acusados de assistir e divulgar filmes, músicas e vídeos musicais sul-coreanos ao longo de três meses.

A Coreia do Norte, há anos, impõe penas rigorosas contra aqueles que se envolvem com a cultura sul-coreana, como parte de sua guerra contra influências externas, intensificada desde a implementação da lei de “pensamento anti-reacionário” em 2020. A presidente da SAND, Choi Kyong-hui, uma doutora em Ciências Políticas pela Universidade de Tóquio e desertora norte-coreana, destaca que a pesada punição visa alertar toda a população norte-coreana; acompanhe as imagens.

“A julgar pela severidade da punição, parece que isso deve ser mostrado às pessoas em toda a Coreia do Norte para adverti-las”, comenta Choi. Ela sugere que o vídeo, editado por volta de 2022, indica uma mudança no pensamento da geração Y e Z norte-coreana, o que pode representar um desafio para o líder Kim Jong Un, que busca restaurar a identidade norte-coreana.

O regime norte-coreano continua a reprimir qualquer forma de influência estrangeira, enquanto as imagens revelam a luta entre a cultura norte-coreana e as tendências sul-coreanas. A reclusa Coreia do Norte e o vizinho Sul permanecem tecnicamente em guerra desde o conflito de 1950-53, divididos por uma zona desmilitarizada (DMZ) fortificada.