Ciência
Mesmo sem cérebro, água viva mostra incrível capacidade de aprender com o passado
Imagine um animal que não tem um cérebro central, mas ainda assim pode aprender e se adaptar a novos desafios. Bem-vindo ao mundo das águas-vivas caribenhas. Pesquisadores recentemente surpreenderam o mundo ao treinar um grupo de cubomedusas caribenhas, conhecidas como Tripedalia Cystophora, para detectar e desviar de obstáculos.
Conforme repercutiu a revista Superinteressante em uma matéria publicada na última segunda-feira (25), apesar de sua falta de um cérebro central, essas criaturas do oceano aprenderam com erros anteriores e tiveram sucesso em um teste intrigante.
Em um estudo publicado na revista Current Biology, os cientistas demonstraram que a capacidade de aprendizagem não está necessariamente ligada a um cérebro complexo. As Tripedalia Cystophora, com menos de um centímetro de tamanho, usaram aprendizagem associativa, conectando estímulos sensoriais a comportamentos para superar o desafio.
Na natureza, essas águas-vivas confiam em seu sistema visual complexo de 24 olhos para navegar pelas turvas águas dos manguezais, evitando raízes de árvores e capturando presas.
Para replicar essas condições em laboratório, a equipe criou um tanque circular com listras cinza e brancas, que simulavam as raízes de mangue à distância. Durante 7 minutos, eles observaram as águas-vivas em ação. No início, elas se aproximaram das listras e até colidiram com elas; no entanto, no final da experiência, houve uma melhora notável. A média da distância delas até a parede diminuiu em 50%, o número de desvios bem-sucedidos para evitar colisões aumentou quatro vezes, e a taxa de contato com as listras na parede caiu pela metade.
Essas descobertas fascinantes sugerem que as águas-vivas são capazes de aprender com a experiência, utilizando estímulos visuais e mecânicos.
Os cientistas foram ainda mais longe, isolando os centros sensoriais visuais das águas-vivas, conhecidos como rhopalia, para explorar mais a fundo sua capacidade de aprendizagem associativa. Cada uma dessas estruturas é composta por seis olhos e emite sinais que controlam o movimento da água-viva. Quando a água-viva desvia de obstáculos, a frequência desses sinais aumenta.
A equipe apresentou listras cinzas em movimento para um rhopalia em estado neutro, imitando a aproximação natural do animal aos objetos. A estrutura não reagiu às listras cinzas mais claras, interpretando-as como distantes.
No entanto, após o treinamento com estímulos elétricos, o rhopalia começou a gerar sinais de esquiva quando as mesmas listras se aproximaram, simulando uma reação de colisão na natureza. Essas descobertas demonstraram que a combinação de estímulos visuais e mecânicos é essencial para a aprendizagem associativa em águas-vivas e que o rhopalia desempenha um papel crucial como centro de aprendizado.
Anders Garm, pesquisador da Universidade de Copenhagen e um dos autores do estudo, comentou: “É surpreendente a rapidez com que esses animais aprendem; é quase tão rápido quanto o aprendizado de animais mais avançados. Mesmo o sistema nervoso mais simples parece ser capaz de realizar um aprendizado avançado, o que pode ser um mecanismo celular fundamental inventado no início da evolução do sistema nervoso.”
Portanto, parece que, mesmo sem cérebros complexos, as águas-vivas caribenhas nos mostram que a inteligência e a capacidade de aprendizado podem se manifestar de maneiras verdadeiramente surpreendentes no reino animal. É uma lembrança de que o mundo natural está cheio de mistérios e curiosidades que continuam a nos fascinar.
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