Professora de Harvard que faz estudos sobre honestidade é acusada de fraude acadêmica

Uma renomada professora da Universidade de Harvard, especializada em estudos comportamentais e psicologia, está enfrentando sérias acusações de fraude. Francesca Gino, conhecida por suas pesquisas sobre comportamento humano, foi denunciada por falsificar resultados em um estudo, conforme revelado por um blog administrado por três cientistas comportamentais. Essa denúncia abala a reputação acadêmica da professora e levanta questões sobre a integridade de suas pesquisas.

De acordo com informações divulgadas pelo jornal The New York Times, o artigo em questão foi publicado em 2012 e tratava de um experimento que analisava a influência da posição de assinatura em formulários de impostos e seguros na honestidade dos participantes. O estudo afirmava ter descoberto que aqueles que assinavam as declarações de veracidade no topo da página eram mais propensos a serem honestos em relação aos que assinavam na parte inferior.

No entanto, uma investigação conduzida pelos cientistas comportamentais revelou evidências contundentes de falsificação de dados nesse estudo e em vários outros artigos de Francesca Gino. Segundo os denunciantes, eles possuem “evidências de fraude em artigos que abrangem mais de uma década, incluindo artigos publicados recentemente”. O grupo destacou que compartilhou suas preocupações com a Escola de Negócios de Harvard em 2021, fornecendo um relatório detalhado sobre quatro estudos em que encontraram as provas mais sólidas de fraude, e acredita-se que existam muitos outros artigos de Gino que contenham dados falsos.

As evidências incluem registros digitais de um arquivo do Excel que mostram adulteração de pontos de dados, o que afeta diretamente os resultados obtidos nos estudos. O coautor do artigo em questão, o professor Max Bazerman, confirmou a existência de um documento de 14 páginas fornecido pela universidade que continha “evidências convincentes” de falsificação de dados, incluindo a descoberta de acesso não autorizado a um banco de dados para adicionar e alterar informações.

A repercussão do caso tem sido significativa na comunidade acadêmica. Maurice Schweitzer, um cientista comportamental da Universidade da Pensilvânia, afirmou que as acusações estão gerando grandes repercussões. Schweitzer, que colaborou em oito artigos com Francesca Gino, afirmou estar revisando cuidadosamente suas pesquisas em busca de indícios de fraude, assim como muitos outros acadêmicos.

Enquanto isso, Max Bazerman negou qualquer envolvimento na suposta falsificação de dados, afirmando que não teve nenhuma participação na fabricação dos resultados da pesquisa. A Escola de Negócios de Harvard se recusou a comentar sobre o assunto.

Até o momento, Francesca Gino não se pronunciou sobre as denúncias. Quando contatado por telefone, um homem que se identificou como seu marido declarou que é uma acusação delicada e que não podem discutir o assunto no momento.

Essas acusações abalam não apenas a reputação de Francesca Gino como pesquisadora, mas também levantam preocupações sobre a validade de estudos anteriores e a integridade da pesquisa acadêmica como um todo. A comunidade acadêmica aguarda ansiosamente por uma resposta oficial da universidade e por mais investigações sobre o assunto, a fim de esclarecer completamente a extensão dessa fraude e suas implicações.