Morcegos de pênis gigantes fazem sexo por até 12 horas sem parar, descobrem pesquisadores

Você sabia que existe um grupo exclusivo de morcegos com “órgãos genitais desproporcionalmente grandes” que não se encaixam nas vaginas das fêmeas? Pois é, cientistas descobriram que esses morcegos, conhecidos como morcegos-serotine (Eptesicus serotinus), são os únicos mamíferos conhecidos por realizar o ato sexual sem penetração.

De acordo com o estudo publicado na revista Current Biology na última segunda-feira (20), ao contrário da maioria dos mamíferos, que se reproduzem por meio de sexo penetrante, os morcegos-serotine desenvolveram uma estratégia única. Em vez de inserir o pênis na vagina da fêmea, os machos usam seus órgãos genitais avantajados para afastar a bainha da cauda da parceira, antes de pressionar contra a vulva por até 12 horas.

“Observamos que esses morcegos têm pênis desproporcionalmente longos e sempre nos perguntávamos ‘como isso funciona?'”, compartilhou Nicolas Fasel, autor principal do estudo e pesquisador pós-doutorado em biologia evolutiva na Universidade de Lausanne, na Suíça.

Acontece que não funciona da maneira tradicional — pelo menos não como em outros mamíferos. Os pênis desses morcegos são sete vezes mais longos e largos do que as aberturas vaginais das fêmeas quando eretos, tornando a penetração pós-ereção impossível: “Pensamos que talvez seja como nos cachorros, onde o pênis incha após a penetração, prendendo-os juntos”, sugeriu Fasel. “Ou, alternativamente, talvez eles simplesmente não conseguissem colocar para dentro, mas esse tipo de cópula não foi relatado em mamíferos até agora.”

Fasel e sua equipe analisaram imagens de câmeras colocadas em uma grade que os morcegos conseguiam escalar, onde os órgãos genitais dos animais eram visíveis durante a cópula. Eles registraram um total de 97 eventos de acasalamento no sótão de uma igreja holandesa e em um centro de reabilitação de morcegos na Ucrânia.

Nenhuma das sessões de sexo parecia envolver penetração. Em vez disso, as imagens mostravam machos segurando as fêmeas pela nuca e movendo seus quadris até que seus pênis eretos fossem firmemente pressionados contra a vulva da parceira. Os machos então permaneciam completamente imóveis nesse abraço por uma média de 53 minutos, com a interação mais longa durando quase 13 horas.

O evento de acasalamento mais longo registrado em morcegos serotinos durou quase 13 horas.

Os pesquisadores observaram que os pênis estavam aumentados antes de entrar em contato com a vulva, excluindo a possibilidade até mesmo de uma penetração pré-ereção, conhecida por ocorrer em cachorros. A equipe também mediu e descreveu os pênis eretos dos morcegos-serotine vivos.

Esses animais desenvolvem ereções sob anestesia, permitindo aos pesquisadores documentar um inchaço em forma de coração na ponta do pênis: “O inchaço terminal era adornado com alguns pelos curtos e composto por dois grandes tecidos eréteis”, escreveram os pesquisadores no estudo. “Postulamos que os pelos presentes no inchaço terminal servem como um sensor para ajudar a encontrar a vulva.”

Os morcegos-serotine podem ter evoluído um pênis oversized para poderem afastar uma membrana que cobre os genitais das fêmeas.

“Os morcegos usam suas membranas da cauda para voar e capturar os insetos que comem, e as fêmeas também as usam para cobrir suas partes inferiores e se protegerem dos machos. Mas os machos podem usar esses pênis grandes para superar a membrana da cauda e alcançar a vulva”, explicou Fasel.

O pelo no abdômen das fêmeas de morcegos parecia molhado após o acasalamento, indicando a presença de sêmen, mas amostras são necessárias para confirmar se os machos ejaculam durante o longo abraço, conforme indicado pelo estudo.

 

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Este é o primeiro registro documentado de sexo não penetrante, também conhecido como “acasalamento de contato”, em mamíferos. Esse comportamento já foi descrito em aves e envolve machos e fêmeas pressionando aberturas chamadas cloacas para realizar “beijos cloacais”, resultando na transferência de esperma.

Para aprofundar a descrição do comportamento de acasalamento dos morcegos-serotine, Fasel e seus colegas “estão tentando desenvolver uma ‘caixa de pornografia de morcego’, que será como um aquário com câmeras por toda parte”, revelou ele. Uma iniciativa interessante para desvendar os segredos do comportamento único desses morcegos!