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Ciência

Fundo do mar é muito mais desconhecido do que o solo lunar, garantem especialistas

Embora cientistas tenham enviado espaçonaves até mesmo para o lado escuro da lua, uma das últimas fronteiras desconhecidas está em nosso planeta.

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Será que você é capaz de estimar a porcentagem do quanto o ser humano conhece o fundo do mar? Alguma vez você já teve curiosidade em saber? Cientistas fotografaram com sucesso um buraco negro, pousaram em Marte e enviaram espaçonaves para o lado escuro da lua. Contudo, uma das últimas fronteiras desconhecidas (e uma das mais enganosamente familiares) está em nosso próprio planeta.

Em uma reportagem publicada no portal G1 em 2016, foi revelado que a Organização Nacional Francesa de Hidrografia (OHI) naquele ano, disse que conhecia-se menos de 10% dos relevos dos fundos marinhos além dos 200 metros de profundidade.

“É muito lamentável que no dia de hoje não se saiba exatamente como é o fundo do mar”, criticou Françoise Gaill, em 2016, no Dia Mundial dos Oceanos.

Para quem não sabe, Françoise é uma pesquisadora francesa e membro da plataforma Oceano e Clima, uma aliança entre ONGs e cientistas. A pesquisadora reconhece ser caro adquirir estes conhecimentos. Contudo, é uma questão de prioridades, e não há razão pra que se conheça muito mais a Lua do que o fundo dos oceanos.

Cena do filme Procurando Nemo; Exploração no fundo do mar ainda é um desafio.

Segundo um estudo americano de 2001, seria possível mapear a totalidade do fundo do mar além dos 500 metros de profundidade com um único navio oceanográfico trabalhando durante 200 anos.

“Com 40 embarcações, levaria 5 anos”, disse Walter Smith, geofísico da Agência Americana Oceânica e Atmosférica (NOAA), ao estimar o custo da operação entre 2 e 3 bilhões de dólares.

O cientista afirmou que pode parecer muito, mas garantiu ser bem menos do que a Nasa prevê gastar em sua futura missão de exploração de Europa, a misteriosa lua de Júpiter.

Fundo do mar é muito mais desconhecido do que o solo lunar, garantem especialistas.

Thierry Schmitt, especialista em batimetria da Marinha francesa, afirmou ter uma ideia do fundo mar graças aos satélites. Entretanto, não é uma ideia muito precisa. O pesquisador avaliou que somente com a aquisição de dados marinhos através de sondas acústicas é que será possível dispor de uma maior precisão, reconhecendo que se tratam de técnicas geralmente lentas.

Pra você ter uma ideia, as caixas-pretas do voo Air France AF447 desaparecido em 1º de junho de 2009 foram, por exemplo, recuperadas após 23 dias a 3.900 metros de profundidade em uma zona particularmente caótica do Oceano Atlântico.

Quando alguém cai no mar, uma embarcação está em risco ou um avião cai no oceano, deve-se poder estimar os movimentos das correntes. No entanto, é difícil estabelecer modelos das mesmas em zonas em que o relevo marinho é pouco conhecido, explicou Walter Smith. “Esperar que um avião caia para mapear uma zona é tarde demais”, reforçou.

Um melhor conhecimento dos fundos marinhos permitiria, ainda, saber mais sobre os recursos marinhos disponíveis antes de sua exploração ou preservação, a origem dos deslizamentos de terreno submarinos e as ondas provocadas por tsunamis e furacões.

As disparidades no conhecimento sobre fundos marinhos são relevantes em todo o mundo. Mais de 95% das zonas de 0 a 200 metros de profundidade no sudoeste do Pacífico e as regiões polares são ignoradas por completo, contra 30% das do Reino Unido ou 40% dos Estados Unidos, segundo dados de 2013 do OHI.

O organismo alertou, ainda, para uma redução em 25 anos de 35% dos meios náuticos dos países costeiros para desenvolver campanhas de dados batimétricos.

“As prioridades orçamentárias nacionais se concentram em outras áreas fora dos meios navais e infraestruturas de investigação”, lamentou Yves Guillam, do secretariado da OHI, antes de observar que os benefícios econômicos e ambientais destas políticas só se concretizam no longo prazo.

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