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Ciência

Verme marinho tem 100 bundas em que cada uma pode desenvolver olhos e um cérebro

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Uma anomalia do verme marinho chamado Ramisyllis multicaudata está reescrevendo as regras da anatomia animal e apresentando enigmas de dar nó na cabeça. É consenso que para a maioria dos animais, um traseiro é mais do que o suficiente. Mas como para toda regra há uma exceção, um estudo publicado no periódico Journal of Morphology mostra que R. multicaudata não é um bichinho comum.

Conforme mostra uma reportagem do site Live Science, essa minhoca marinha tem um talento peculiar para multiplicar seus traseiros. É uma verdadeira multitarefa, ramificando-se em dezenas de direções, e cada ramificação termina em um traseiro. Uma verdadeira crise de identidade.

E como se não bastasse isso, quando essas minhocas decidem que é hora de se reproduzir, seus traseiros podem desenvolver olhos e até mesmo um cérebro. Imaginem seu traseiro de repente ganhando vida própria! Temos perguntas, e os cientistas também tiveram. Eles fizeram uma investigação profunda nesse mistério de muitos traseiros nas águas próximas a Darwin, na Austrália, e o que encontraram dentro dessas minhocas é ainda mais estranho do que o que se vê por fora. Quase.

R. multicaudata pertence à família Syllidae, lar de cerca de mil espécies estudadas. Porém, apenas duas delas têm esses corpos expansivos e ramificados: nosso amigo R. multicaudata e seu primo das profundezas do mar, Syllis ramosa. No reino animal, esse tipo de plano corporal é tão raro quanto um unicórnio.

Verme marinho tem 100 bundas em que cada uma pode desenvolver olhos e um cérebro.

Lá atrás, em 1879, o biólogo William McIntosh estudou S. ramosa e ficou maravilhado com sua capacidade de se ramificar como um louco. Ele chamou isso de “furor por brotar”. Avançando para os dias de hoje, e os cientistas ainda estão coçando a cabeça diante dessas criaturas bizarras.

As entranhas de R. multicaudata são um verdadeiro quebra-cabeça. Ela tem mais aberturas anais do que se pode contar, e as coisas ficam ainda mais loucas quando é hora de reproduzir. Unidades especiais chamadas estolões se formam nas extremidades do traseiro da minhoca, completas com seus próprios órgãos sexuais e até mesmo uma cabeça simples com olhos. Uma vez que esses estolões estão prontos, eles se libertam e nadam para se acasalar e, em seguida, bate o ponto final.

Mas o que acontece dentro desses estolões que nadam livremente, e nas entranhas da minhoca, é em grande parte um mistério. Até agora!

Os pesquisadores usaram todos os recursos para desvendar os segredos de R. multicaudata. Eles usaram microscópios, exames de raio-X, colorações e análises químicas para dar uma olhada tridimensional nos órgãos e sistemas das minhocas.

Ramisyllis multicaudata, o anelídeo, compartilha uma simbiose com esponjas marinhas, vivendo dentro delas.

Aqui está o detalhe surpreendente: esses estolões, aqueles com suas próprias cabeças e olhos, na verdade têm cérebros e sistemas nervosos. É uma ideia proposta lá no século XIX, mas nunca confirmada até agora. Quem diria que traseiros poderiam ser tão inteligentes?

E falando em cérebros, o resto do corpo da minhoca é uma rede de vasos sanguíneos, mas nenhum coração à vista. Os sistemas circulatório e digestivo se ramificam por onde quer que o corpo se ramifique. E eles encontraram essas estranhas “pontes musculares” na junção de cada ramificação, algo que nunca foi visto em minhocas antes. Essas pontes até contam a história de quais ramificações são mais antigas e quais são novas.

Estômagos Vazios e Casas de Esponja

Mais uma reviravolta nessa saga que faz a cabeça dar voltas: apesar de ter um sistema digestivo funcional, os intestinos dessas minhocas sempre parecem estar vazios. Qual é a dessa? Bem, R. multicaudata gosta de se aconchegar em um hospedeiro de esponja, enterrando a cabeça bem lá dentro. Raios-X e modelos em 3D revelaram que todo o corpo expansivo da minhoca está aconchegado dentro de seu hospedeiro, se estendendo pelos intricados canais da esponja.

Nossa jornada pelo mundo de R. multicaudata respondeu a algumas perguntas, mas também trouxe um monte de novas. Como eles alimentam seus corpos ramificados? Como o sangue e os nervos lidam com essa ramificação toda? É um mistério longe de ser resolvido, mas uma coisa é certa: essas criaturas são uma verdadeira montanha-russa no reino animal.

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