Evento com reclamação fake de racismo mostra perigo de ter casa integrada com Alexa

Poder chegar em casa e, com apenas um comando de voz, ligar as luzes ou a TV e esquentar a comida no microondas não é mais coisa de ficção de Hollywood. Quem tem sua casa integrada com a Alexa, equipamento desenvolvido pela Amazon, pode fazer isso e muito mais. Contudo, a praticidade de ter o que é a chamada smart home, vem mostrando ter contras muito mais significativos do que os seus prós.

Um homem residente em Baltimore, no estado de Maryland, nos Estados Unidos, alega que a Amazon desativou sua smart home inteira em resposta a supostos comentários racistas. De acordo com informações do jornal britânico Daily Mail, o caso foi compartilhado por Brandon Jackson, na plataforma Medium, na última semana.

Evento com reclamação fake de racismo mostra perigo de ter casa integrada com Alexa.

O americano é um engenheiro negro que trabalha na Microsoft. Ele conta que o incidente ocorreu em 24 de maio deste ano, quando um entregador fez uma entrega em sua casa. O entregador afirmou ter ouvido comentários racistas por meio da campainha digital de Jackson e enviou uma reclamação para a Amazon.

No dia seguinte à entrega, a Echo Show de Jackson foi desativada e, como resultado, todos os dispositivos inteligentes da casa deixaram de funcionar, uma vez que o dispositivo da Amazon atuava como hub.

“Esse incidente deixou minha casa cheia de dispositivos que não respondem, uma Alexa silenciosa e muitas perguntas”, escreveu ele em seu blog.

Inicialmente, o morador de Baltimore pensou que havia sido vítima de um ataque cibernético, uma vez que usava um antigo endereço de e-mail. No entanto, após não encontrar nenhuma evidência de atividade de hackers, ele decidiu ligar para o suporte ao cliente.

Amazon, empresa de Jeff Bezos.

Após uma conversa com um executivo da grande empresa de tecnologia, ele descobriu que estava sendo acusado de racismo e, por isso, sua Echo Show foi desligada.

“Aqui é onde as coisas se tornaram ainda mais desconcertantes. Primeiro, tenho várias câmeras gravando tudo o que acontece em minha propriedade. Se as alegações do entregador fossem verdadeiras, eu poderia facilmente verificar com imagens de vídeo. Em segundo lugar, a maioria dos entregadores em minha região compartilha a mesma raça que eu e minha família. Parecia altamente improvável que faríamos tais comentários”, defendeu-se em seu blog.

Ele revisou os detalhes do suposto incidente com o atendente e verificou que, de acordo com o horário da entrega, provavelmente não havia ninguém em casa naquele momento. No vídeo das câmeras, Jackson informou que o entregador apertou a campainha digital e recebeu uma resposta automática do tipo ‘com licença, como posso ajudar?’: “O entregador, que estava se afastando e usando fones de ouvido, deve ter interpretado erroneamente a mensagem”, argumentou.

Depois de muitas interações com o suporte da Amazon, Brandon Jackson teve sua Echo Show reativada. No entanto, ele reclamou de não ter recebido nenhum comunicado sobre a resolução do caso, incluindo se havia alguma evidência de que o entregador recebeu uma ofensa racista.

Jeff Bezos e sua ex-esposa Mackenzie Scott.

Ele mencionou que, após essa experiência, está considerando seriamente parar de usar os dispositivos da Amazon e cogita substituí-los por dispositivos Raspberry Pi.

“Eu apoio totalmente as medidas adotadas pela Amazon para garantir a segurança de seus entregadores. No entanto, questiono por que todo o meu sistema doméstico inteligente foi desativado durante a investigação interna. Parece mais sensato impor uma restrição temporária de entrega ou uma proibição de compra na conta”, defendeu.

O engenheiro da Microsoft compartilhou essa história para “encorajar a Amazon a reformular e repensar sua abordagem ao lidar com tais situações no futuro”. Ele defendeu que as empresas precisam transmitir confiança em relação a seus produtos e serviços, especialmente quando estão conectados às funcionalidades residenciais.

Em nota, a Amazon admitiu que não havia comprovação de quaisquer comentários racistas feitos por Brandon Jackson e que seu dispositivo Alexa foi bloqueado indevidamente.