Drauzio Varella, sobre abraço em trans que estuprou e matou criança: “Erro totalmente meu”

O doutor Drauzio Varella falou, em entrevista ao portal UOL nesta semana, sobre o polêmico abraço que deu em uma mulher trans durante uma reportagem exibida no Fantástico, da TV Globo, em março de 2020. A transexual Suzy Oliveira estava presa por estuprar e assassinar um menino de 9 anos.

Na ocasião, Drauzio contou a história das mulheres trans no presídio e foi tocado pela história de Suzy, que não recebia visitas havia oito anos. Após o abraço, Suzy recebeu um grande número de cartas de apoio.

No entanto, logo após a exibição da reportagem, o pai da criança processou o médico e a Globo por terem dado visibilidade a uma criminosa. Em 2022, Drauzio Varella e a emissora foram absolvidos na segunda instância da Justiça e livres de pagar a indenização solicitada pela família.

No Facebook à época da descoberta, usuários criaram uma conta fake em forma de protesto contra a Rede Globo.

Reprodução do perfil fake criado no Facebook da trans Suzy entrevistada por Drauzio Varella; Após divulgação da matéria da Curiozone, perfil foi deletado pela plataforma.

Em sua entrevista, Drauzio admitiu que o erro foi dele e que nunca antes havia abraçado um preso durante seus mais de 30 anos trabalhando em cadeias. Ele aprendeu com carcereiros mais experientes que não se deve perguntar o que um presidiário fez.

“O erro foi meu, totalmente meu”, disse Drauzio, ao UOL. “Trabalho em cadeia há mais de 30 anos e nunca na minha vida abracei um preso. Não faz parte do relacionamento que tenho com eles.”

O médico explicou que se comoveu com Suzy e que o abraço não fazia parte do roteiro ou intenção da reportagem. Porém, o gesto gerou ameaças e violência, o que o entristeceu profundamente.

Drauzio Varella lamenta o ocorrido e reconhece o peso das consequências de um abraço que gerou tamanha polêmica e sofrimento. Ele reforça que nunca teve intenção de glorificar os atos cometidos por Suzy e que sua motivação era mostrar a realidade das mulheres trans no sistema carcerário.