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Buffoniando

Holodomor

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Foto: Reprodução/Google

Um tema bastante específico que passou a fazer parte de publicações de vídeos e textos na internet, é o holodomor. Essas publicações passaram a fazer parte dos debates, de modo mais intenso no Brasil, por conta da aproximação das eleições para presidente. Com grande polarização política, os ânimos ficaram mais acalorados e uma avalanche de produções sobre o tema, ora para criticar e ora para tentar explicar, vieram à tona.

Os críticos do sistema soviético passaram a defender que tal acontecimento não é falado em sala de aula, nem nas séries iniciais e nem no ensino médio. Mas antes de falar sobre isso, vamos tentar entender o que foi o holodomor. Essa palavra estranha em nosso vocabulário possui o significado como “deixar morrer de fome”. Durante o ano de 1917, o imperio russo caiu diante de uma revolução que levou os bolcheviques ao poder. Pela primeira vez na história, as ideias revolucionárias fundadas com Marx consegue chegar ao poder. Diante de um cenário de guerra e devastação e saindo da Primeira Guerra Mundial, a Rússia mergulha em duas guerras civis: a revolucionária e a contra-revolucionária, que foi contra o Exército Branco (uma coligação de forças militares tanto de aliados do czar como militares de países europeus que não apoiaram a revolução). Foi ao ingressar nessa segunda guerra civil que Lènin coloca em prática o comunismo de guerra. Essa estratégia fez com que toda a produção de alimentos ficassem centralizadas pelo Estado  e a maior parte dela era destinada ao front de batalha, com a finalidade de suprir as necessidades dos soldados do Exército Vermelho para vencer a guerra e assim, consolidar a revolução. E foi o que aconteceu.

O cenário da nova URSS não era bom, mas o projeto revolucionário seguiu e em 1924, seu líder Lênin faleceu. Simplificando demais o processo de sucessão, Stalin (que significa: homem de aço) deu seguimento ao socialismo soviético e deu mais a “sua cara” ao tempo que ficou no poder. Tanto é que seu governo ficou conhecido como stalinismo. E aqui reside uma questão crucial: não podemos entender Stalin e Hitler como iguais, mas sim semelhantes. A forma como conduziram seus governos são bastante semelhantes, mas não idênticas, pois estavam em polos ideológicos diametrais. No campo da política cotidiana ambos promoveram expurgos, campos de concentração, trabalhos forçados, perseguição aos que pensavam diferente, etc.

A década de 1930 marca algumas questões bastante cruciais para o século, como a Crise de 1929 que perdurou a década citada e levou os países capitalistas a passarem grandes dificuldades; a afirmação de governos nazifascistas e o início da II Guerra. Mas também, essa mesma década marcou uma ação desumana: o holodomor. Resultado de uma política de Stalin de controlar a produção agrícola, como foi o comunismo de guerra, para tentar solucionar problemas de fome, o governo passou a recolher forçadamente os gêneros ucranianos. Como você poder ver nos dias atuais, A Ucrânia e Rússia não se dão bem e ainda persiste a Questão da Crimeia. E essa situação foi reforçada negativamente quando ocorreu o domínio soviético na região ucraniana e seu povo tentou lutar contra tal atrocidade política. Assistindo aos levantes ucranianos, Stalin ordena que os ucranianos ficassem praticamente sem alimentos, o que gerou uma onda de mortes por inanição. Milhões de pessoas do povo ucraniano morreram devido a fome e ao frio. Uma política genocida que se assemelha ao holocausto, não em semelhança com câmara de gás, mas em modus operandi e total desprezo pela vida humana.

O holodomor passou a ser de conhecimento maior do Ocidente por dois acontecimentos: a morte de Stalin em 1956 e os relatos dos sobreviventes. Quando Stalin morreu, o seu sucessor foi Nikita Krushev e ele deu início ao que ficou conhecido como desestalinização. Krushev abriu a caixa-preta da política do líder anterior e revelou as atrocidades cometidas por ele, deu início e continuidade ao fim das perseguições e tentou dar uma nova diretriz soviética. Essas revelações correram ao mundo e foi muito explorada pelos EUA (contexto de guerra fria), o que fez ainda mais o Ocidente temer o avanço socialista e também fez com que muitos perdessem a esperança num sistema que poderia dar uma alternativa viável para os homens insatisfeitos com o capitalismo. A desestalinização é assunto de qualquer livro didático do ensino médio aborda. Não é porque não aparece o nome holodomor, significa que não foi abordado.

A segunda questão levantada anteriormente é, que além das revelações de Krushev, os sobreviventes (direta ou indiretamente), começaram a migrar e levar suas histórias consigo. Dessa forma, a partir das memórias dessas pessoas, o mundo passou a conhecer um pouco mais essa história. Aqui no Brasil, esses relatos eram mais intensos na Região Sul, pois, temos por lá colônias de ucranianos. Uma fonte histórica que deu base para uma Tese de Doutorado foi a publicação de um jornal ucraniano-brasileiro chamado Prácia. Nesse jornal há informações  sobre o tema. Caso se interesse por mais, a Tese está disponível para leitura na internt.

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