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Buffoniando

EUGENIA

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Quando mais jovem estudando sobre o nazismo, tive contato com um conceito chamado eugenia. No primeiro impacto fiquei bastante estarrecido por tudo que ela representou em termos de ideia e prática, durante esse regime. Mas para a minha surpresa, a eugenia passou a ser percebida por mim, principalmente nos filmes e séries. Filmes como Gattaca, de 1997. O ano de 2000 marcou o sequenciamento do genoma, esse feito sem precedentes abriu espaço para o estudo de prevenções, tratamentos e curas para doenças.
A eugenia teve a pecha durante muito tempo de uma pseudociência, mas cada dia mais afirmou-se no meio científico e suas contribuições estão em nosso cotidiano, sendo que muitas vezes não notamos. Mas antes iremos atentar para a história e o conceito em si, para depois abordarmos as suas utilidades não percebidas em nossas vidas.

Francis Galton no século XIX, na Inglaterra, ficou intrigado com a contribuição científica de seu primo, Darwin. Ao ler a ideia de Darwin (apresentadas aqui de modo bem simplificado) que as espécies tem suas ninhadas e entre eles há diferenças bem sutis e aqueles que tiverem mais aptos irão sobreviver e transmitir essas “melhorias” para as gerações futuras. Foi daí que Galton pensou em como fazer essa seleção de características sensacionais para perpetuar e transmitir para as gerações futuras. A palavra eugenia significa “boa linhagem”. Então o seu criador defendeu a necessidade de fazer, por isso propôs que os sem boas qualidades nem deveriam nascer.

Galton viveu numa Inglaterra Vitoriana e sob as consequências da Revolução Industrial. Questões como: violência urbana, bebedeiras, crescimento urbano desordenado, poluição dos rios, ruas sujas, prostituição e miséria. Ele acreditava que essa situação de vida era hereditária, assim como viver de forma abastada também era uma situação hereditária. Ou seja, era preciso salvar a espécie europeia. Não é a toa que no mesmo século e com teorias deterministas, deram início aos “estudos” e catálogos de traços humanos que mais cometiam crimes, para daí determinarem que pessoas com aqueles traços físicos fossem criminosos por traços hereditários, por isso era necessário não deixar que se reproduzissem e/ou prender antes de cometer o crime.

O grande impulso da eugenia deu-se em território dos EUA. Baseados nesses princípios, os americanos começaram incentivar o não casamento inter-raciais. Isso deu base para legitimar ideias supremacistas da Ku Klux Klan. Se isso parece inadmissível, os americanos foram mais longe: abriram clínicas de esterilização compulsória. Muitas dessas clínicas persistiram até 1960. Os alvos dessa esterilização forçada eram pessoas portadoras de necessidades especiais, pessoas com transtornos mentais, homossexuais, prostitutas, alcóolatras, criminosos e epiléticos. Essa era conhecida como eugenia negativa. Já a positiva é a que visava à perpetuação, por isso, estimula-se a reprodução entre pessoas consideradas com qualidades pertinentes, como inteligência, rapidez, etc.

A ideia da perpetuação e ampliação da raça ariana, baseada na ideia de Hitler, era de casamento só entre os germânicos. Além disso, ocorreu uma espécie de fazenda do arianismo, pois rapazes e moças em idade reprodutiva se isolavam em uma região justamente com o único intuito de manterem suas características. Entretanto, a não perpetuação dos indesejáveis ou inaptos na Alemanha nazista era o extermínio (fiz um texto anteriormente explicando essa prática e tecnologia).

Realmente a eugenia nos parece ser algo extremamente hediondo. E não é para menos. Aprimorar e melhorar a espécie continuaram sendo um desafio humano, mas atualmente, demos um salto gigantesco e apresentou muitas melhoras. O alimento transgênico é um belo exemplo de eugenia. Ao entender a genética dos alimentos e a genética dos males que os alimentos podem ser alvos, a ciência deu um salto no tempo e apresentou uma evolução (causada em laboratório): alimentos que resistem e não são alvos de pragas.

Outro exemplo foi o apresentado em 2017 com o mosquito transgênico. Em laboratório os cientistas modificaram a cadeia genética do Aedes aegypt e os machos que são soltos na natureza selvagem, entram em contato com as fêmeas (essas é que causam a picada e a transmissão das doenças), acasalam e dão origem a filhostes que estão programados para morrer antes de se tornarem adultos. Com isso, a incidência da doença também diminui. Atualmente entre os humanos, a edição total ainda não é possível, ou se é, não foi divulgado na comunidade científica. Mas já é possível selecionar algumas características para o filho como tipo do cabelo e cor dos olhos, por exemplo. Entretanto, o aprimoramento genético laboratorial ainda esbarra nos limites da ciência, no discurso religioso e na própria ética médica, assim como clonagem. Mas a clonagem será uma ideia para outra hora.

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